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Cansei de Ser Linda


Hoje eu vim falar que eu cansei de ser linda
Eu cansei de andar na rua e ouvir assovios quando estou indo pra faculdade com uma roupa qualquer
Eu cansei dos olhares que me perseguem
Essa falta de sensibilidade, educação respeito
Respeito do meu espaço
Cansei de ser sua
Porque meu amor, não deixam eu ser minha?
Cansei de andar na rua e ouvir "linda" como se alguém tivesse pedido sua opinião
Cansei de andar como se estivesse na terra de outro
Essa terra é minha também
Cansei de ouvir "cuidado com esse decote"
Cansei de ouvir que ciúmes é o amor que sinto por você
Cansei de ouvir que homem não sabe ser amigo
Cansei de "friend zone" como se eu só servisse pra servir
Cansei de ser chamada de louca quando você erra e não tem capacidade de conversar
Sobre sentimento
Cansei de ter que ser desejada e nunca desejar
Porque senão, eu sou puta
Cansei de calar
Cansei de ouvir " nossa que cara de santinha, novinha. São as piores."
Cansei de ser linda porque talvez você nem ache isso mas quer me comer
Cansei de ouvir que só sou feliz se casar
Mas se o homem casa, ele diz que a diversão acabou
Cansei de ser linda porque quero ser muito mais
Quero ser inteligente, corajosa, forte, dona do próprio negócio, simpática, legal, engraçada, interessante
Eu quero ser interessante. - Luísa Monte Real


Coragem Covarde de Um Corpo Sem Alma

   
 
    Eu estava tomando um café em uma livraria qualquer quando um homem alto e magro, com a cabeça baixa, passou por mim e não sei por que senti vontade de escrever sobre ele. Mas precisava do olhar dele, precisava encontrar seus olhos. Dizem que a porta da alma são os olhos. Ele não olhava, e não olhava para ninguém. O que o fazia ter a coragem de me deixar esperando seu olhar? O que o fazia ter tamanha coragem de não olhar para cima só olhar para baixo onde não havia nada mais do que seus próprios passos e seu umbigo? Tomei meu último gole de café e quando olhei para cima não o encontrei mais. Procurei-o por todos os lados, e nada. Questionei-me se minha obsessão por encontrar sua alma me fez alucinar sua presença. No final, só fiquei com raiva e decidi escrever o que me vinha na  cabeça de primeira para sentir que completava uma missão que nem tinha começado. 
   Costumo pensar que o que você fez foi por medo, falta de coragem e covardia... será? Será que não sou eu tentando achar um bom motivo para ter sido rejeitada? Será eu tentando te diminuir para sentir que eu sou tão incrível assim? Bom, a culpa não é toda minha, afinal, quantas vezes você disse que eu merecia alguém melhor? Pensando agora depois de um tempo convivendo com sua falta e tentando ser cada vez mais realista com a situação, me pergunto se não foi um ato de coragem, afinal. Sim, tem que ter coragem e peito para trocar de rumo, eu sei quantas vezes eu sofri e me desgastei por ter que ir embora de você. Tem que ter coragem para escolher o medo e fugir. Não foi à toa que você ficou enrolando aparecer por semanas... penso agora se você pela primeira vez talvez, teve a coragem de se amar e se colocar em primeiro lugar, antes até mesmo de seus impulsos e sentimentos, e não olhar para cima. Mas será que amar a si próprio seja ser tão racional e egoísta assim? Coragem de deixar tudo o que tinha nas mãos para cuidar do que achava que era certo para você e para mim. Ou será eu que não vejo sua coragem e sou egoísta por não respeitar sua decisão?      
   Talvez pela primeira vez você tenha tido uma atitude de homem. Talvez pela primeira vez você tenha levado sentimentos e relacionamento a sério por estar diante de alguém qualquer, mas que via como mulher com olhos de homem e não como objeto com olhos de menino. Talvez pela primeira vez você não quis brincadeira e nem agir sem pensar. Achei que era covardia sua porque você sempre teve medo do amor, sempre esteve inseguro, e talvez a coragem tenha sido admitir uma covardia, uma imaturidade, e respeitar seu próprio tempo. Coragem de ir embora e se quebrar. Achei que era covardia porque parecia uma desculpa esfarrapada. Mas é preciso coragem para não ouvir o coração. Achei que foi covardia porque mesmo depois, você deixou para mim, como sempre, a parte mais difícil: a de dizer adeus para suas costas. E talvez a vida seja assim mesmo, de um jeito ou de outro estamos sendo corajosos. Talvez a vida seja assim, totalmente oposta à matemática e inteiramente literária, onde o paradoxo está sempre presente, onde o que não faz sentido passa a ter, onde os opostos coexistem e se complementam. Onde cabe a coragem de se ser covarde. 
    Terminei de escrever e refleti como gosto de inventar histórias e sentimentos que são meus ou que gostaria que fossem meus. Você apareceu novamente, minha sobrancelha se levantou, dei um sorriso curioso e meus olhos brilharam. E então você, finalmente, olhou dentro deles e eu sumi para dentro de seu corpo ocupando o espaço que se chama de alma. - Luísa Monte real

Te Rotinamar


    A verdade é que eu te chamaria fácil de "amor" em meio a um sorriso e risada boba, revirando os olhos dizendo que você tá com o hálito de cerveja, e você faz careta dizendo que sou chata e não sabe como eu não gosto dessa coisa tão sagrada. E aí depois a gente parte para outra discussão onde eu tento entender o porquê de você e o mundo acharem que a palavra "top" não é top. E você iria rir achando que eu sou estranha, enquanto eu te abraçava e sentia em meu ouvido sua risada ecoar por dentro do seu corpo e sentiria seu calor ao me abraçar de volta.
   É que eu facilmente me imagino com você em um domingo frio, em um final de tarde de tédio, na sua sala de estar, terminando de ver algum filme que a gente nem gostou e ficamos em silêncio olhando um para a cara do outro esperando a noite chegar e eu ter que ir embora, deixando sua casa vazia numa sensação de como se a tarde tivesse sido tão mais legal assim comigo. A verdade é que eu consigo me imaginar te olhando com os olhos brilhando como se você me despertasse uma luz de alegria boba que vem de dentro para fora. E eu fitaria meus olhos em sua boca e depois olharia por dentro dos teus olhos implorando para que você adentrasse nos meus. Enquanto se aproxima para beijar minha boca que você acha ela tão bonita, desenhadinha, em forma de coração onde na ponta ela tem uma falha que a torna única, que te desperta mais ainda o desejo de ser só sua. É que eu não sei se você é perfeccionista. Se for, essa seria a falha perfeita em meus lábios, e se não for, os lábios seriam perfeitos pela falha. E aí, eu viraria o rosto para você beijar minha bochecha e sentir meu cheiro que te faz me querer mais apertada em teus braços. 
    É que eu consigo imaginar a gente discutindo quais sabores de sorvete são os melhores e você me achando um E.T. por dizer que eu nem sou tão fã de sorvete assim, e eu te achando ridículo por ver tanta graça assim. É que eu consigo imaginar essa mistura de uma fantasia quase sem graça de tão clichê, com uma chatice viciante de tão gostosa. É que eu consigo imaginar a gente caindo na rotina de um amor sem graça e comum, mas que dá sentido e euforia. A verdade é que eu consigo imaginar você fazendo piada de como eu durmo na posição de uma múmia dando a impressão de que morri, mas o quanto na verdade adora acordar antes para ficar me analisando naquela cena engraçada que faz eu parecer tão linda em teus olhos. Depois em uma vontade de me esmagar, você deita a cabeça em meu ombro encostando o nariz no meu pescoço e sentindo meu cabelo em seu rosto, me abraça com pernas e braços dando um sorrisinho que é quase um suspiro da alma. A verdade é que eu consigo imaginar eu fingindo que dormi nos teus braços, só pra você ajeitar meu cabelo para trás da orelha e beijar minha testa. E aí quando ouço sua respiração mais forte sei que dormiu e coloco-me mais perto para ouvi-la melhor enquanto desenho devagarinho seus braços, seus ombros e seu tórax com a ponta dos dedos. Depois brinco com a sua barba bem devagar para não te acordar, e penso que nunca fui muito de gostar de barbas, e que elas pinicam, mas que a sua cai tão bem no seu rosto. Aquela barba meio ruiva, meio castanha, que não sei como virou moda do nada se genética não se pinta. E penso que não interessa com ou sem barba, eu iria achar a coisa mais gracinha para se refletir antes de dormir. Você.    A verdade é que eu ainda não sinto nada dessas coisas e nem sei se sentiria, mas consigo imaginar e mergulhar nisso como se realmente tivesse vivenciado ou quisesse vivenciar com você. Talvez você me ache louca, mas desenhei em minhas memórias toda uma rotina do nosso amor e já não sei o que é meu e o que é do (a)mar que inventei de nadar com você. Sem saber se quero querer, eu imagino querer te rotinamar. - Luísa Monte Real

O Universo Ela


    Ela, que se voar bem alto não vou impedir, e que se eu não alcança-la, meu coração vai. Ela, que se for embora, vou chorar de saudade, torcendo para que seja ainda melhor que agora. Ela, que prefiro que a dor dela doa em mim do que nela. Ela, que eu quero que suba bem alto e todos possam ver quem é ela. Quem é ela? Falo "ela" porque pessoa é no feminino. Hoje, pouco me importa a matéria que ela se esconde e se apresenta. Hoje vim falar dela como gente, mas mais do que isso, como alma. Que alma! Se tirassem seu corpo não faria falta, porque ela é tão mais... Ela é tão mais profunda, além. O corpo dela é como a terra em um Universo inteiro. Importante, mas não diz tudo. Ela é Universo. Um Universo que eu entrei e nunca fiz questão de achar a saída. Aconteceu tudo tão naturalmente que parece que já estava escrito. E talvez estivesse. Os anos passam, mas todo dia que a vejo é como se fosse o primeiro, porque sei que ela sempre tem alguma coisa para eu conhecer, me ensinar, me inspirar. Eu danço pelo Universo dela sempre com muita sede de descobrir e ajeitar o meu próprio. Se encontrar qualquer coisa fora do lugar, quero ser quem escuta sobre aquilo para que ela possa arrumar ou desarrumar do jeito dela. O jeito dela...Ela é doce. Pensa numa pessoa doce. Ela é. Ela tem os olhos mais sinceros para o mundo. Ela enxerga cada pessoa além do que está ali, porque ela sabe que ela é muito além, ela se criou para ser e assim, consegue saber que todas as pessoas têm seu próprio além, mesmo que muito escondido. E aprendi isso com ela, muito tempo atrás, ainda pequena. Porque por muito tempo meu Universo ficou ecoando no vazio e eu só via minha dor e nada mais que corpos a minha volta. Ela me ensinou coisas sem precisar explicar, sem precisar querer, só por ser. Ela me ensinou a tirar os olhos de mim mesma. Ela é doce e vai colocar um pouco do açúcar em seu coração. Não precisa se preocupar porque ela sabe a quantidade certa para não te dar diabetes. Ela vai te olhar com calma e te sorrir com a alma. Ela vai andar de bicicleta com você e tirar as rodinhas se ela ver que tá na hora de você ir. Ela vai amar você mesmo se você cair, talvez ela até te ame mais ainda depois de te segurar. Ela é o tipo de pessoa que te dá dois tapinhas nas costas para você seguir, mas aparece na sua frente para te pegar se tropeçar. Depois, ela vai te falar o que tem que ser dito porque ela sabe que o melhor é te colocar na realidade e lutar por ela. E ela luta, porque ser ela é ser leve, mas custa esforço, foco e nunca se abandonar. A voz dela é livre de armas, mas lança segurança e calma aos teus ouvidos. Ela é boa. Ela é forte e faz de tudo para se cuidar e para cuidarem dela. Ela carrega dores como qualquer outro, ela carrega defeitos, ela carrega dificuldades. Ainda bem, porque assim ela pode sempre se superar e ganhar coragem. Devagar, porque a pressa é inimiga da perfeição. E uma vida perfeita é uma vida sem mais sentidos ou um sentido tão grande quanto a ilusão. Ela é inteligente para os padrões da sociedade e para os foras dos padrões. Ela faz contas e expressa suas artes. Ela repete fórmulas e racionaliza filosofias. Afinal, não sabemos desde quando exatas virou algo mais racional do que humanas, se humanas também existe, e muito, o pensamento? Material ou imaterial? Ela gosta dessas discussões de virar a cabeça e o mundo de cabeça para baixo, ou de ponta cabeça, como preferir. Ficaria horas tentando entender o mar de estrelas e o céu de ondas. Ah e não poderia esquecer de uma das características dela que mais me ganhou. A graça. Ela tem esse jeito bobo, idiota e inocente de ver graça em tudo. Fazer piada quando não deve. Rir sempre e até quando não pode, aí é que dá vontade de rir mesmo. "De todos os loucos do mundo eu quis você, porque a sua loucura parece um pouco com a minha.". Essa loucura de brincar e não morrer nossa criança.


"Eu que aprendi a ser criança depois de adulto
Eu deixei de pertencer
Ao grupo seleto dos que se comportam muito
Enxugo as minhas frustrações
E me sinto muito mais enxuto
Junto com você
A vida dá ré e eu volto a ser o que eu era com você
Eu que aprendi a ver o mundo através dos seus olhos
Encontrei a cor exata da felicidade
Que invade meu viver
Nem sei quem era antes de você". - Mar Aberto

  Deixa eu ser sua e por favor, seja minha. Assim, desse nosso jeito livre de querer e amar sem precisar de forma angustiada e faminta. Desse jeito de ser nosso, mas de abrir para o mundo e se joga! Se joga porque o mundo precisa te ter, minha pequena. Deixa eu te carregar se precisar. Entra na minha casa que você já é daqui. Passa aqui e toma aquele sorvete com nuttela que você ama! Ah, e com brownie? Deixa eu te abraçar e te falar coisas profundas que a gente tem aquele nó na garganta de dizer pessoalmente porque expõe nosso Universo. Deixa eu te dar meu sorriso com meu jeito de unicórnio, país das maravilhas numa 2ª dimensão (hahahah). Deixa eu ser um Universo dentro do teu.

Rima louca é Rap


  Antes de te conhecer o rap era como sua tatuagem debaixo do peito arranhada na costela, sem sentido, fútil e modinha. Não entendia, você não gostava de inglês e nem tão religioso assim.
Preconceito.
Revolução.
Arte.
Alma.
Corpo.
Dor.
Beleza.
Profundidade.
  Depois de te olhar mais afundo, fez sentido e me mergulhei no seu espírito escondido. Anos atrás, eu estava na estrada viajando para longe. Você me apresentou o rap. Como num clipe me imaginava e me sentia em câmera lenta. Eu sentia cada batida percorrendo minha pele, arrepiando meus pêlos.... a voz rouca quase sussurrando seguindo a onda da batida me faz delirar, até ir pra outro lugar. Adentrando, começava a pulsar no meu sangue até bater em meu peito. Sentia-me viva. Poderosa. Dançava no ritmo da música e ainda em câmera lenta. Mexia nos meus cachos macios, castanhos e rosas enquanto movia a cabeça. Fechava os olhos. O som estourando meus ouvidos. Era como fazer amor com a música. Viciante e não quero parar. Era como se drogar. Já diria Ari, a droga do amor. E amor era o que eu fazia e a droga, o rap. Como diria Don L com Flora Matos, vem curtir comigo, na rua eu sou bandido mas aqui amor, sou doce como licor. Arde. Eu jurava com os pés na sacada que eu podia soltar meus pés e flutuar. Era incrível a sensação de não existir tempo e tudo ficar mais lento.
Mais intenso.
Mais denso.
Cadê meu ar?
Vontade de gritar a letra pra entrar pelos ouvidos do mundo e fazer todo mundo entrar no nosso êxtase. 
O mundo parar para escutar.
Para se curar.
Se livrar.
Se encontrar.
"O futuro terá cura. O futuro é literatura."
Mais uma vez o rap falando, rapper Froid ensinando.
Conforme o tempo passava, mais eu queria e minha visão mudava.
Entendia que rap se aprende a ouvir.
Entendia que rap é poesia.
Com o tempo, fui me adaptando e conseguindo captar as letras e aí foi quando me perdi.
A letra condizia com as questões da minha alma.
Quebrava preconceitos.
Tapa na sua cara.
Caí no chão.
Me levantei mais forte.
Paulista ou carioca, escolha pela sorte.
Quem dera eu saber fazer umas rima, tá ligado?
Falar mais rápido
Tu tá ligado, parceiro?
Esse é o ponto certeiro
Nem sei se foi coincidência ou obviedade, mas foi tu quem me ensinou minhas verdades.
Amar (e) o rap, como preferir.
Não vamo discutir.
Tu sabe.
Esse jeito malandreado que não cabe.
Tão mal interpretado, tão mal falado
Mas é aquilo né,
O desconhecido incomoda.
E se tu não tá na fila,
É melhor tu dar a volta.
Me fez crescer, me fez quem sou
E continuo dando uma de louca no metrô.
Talvez eu não soubesse ficar quieta.
Sabe qual é?
Eu gosto mesmo de dar uma de esperta
Poeta
É que meu corpo é minha alma.
Calma?
Ficar quieta pra quem?
Ficar quieta pra que?
Eu te digo, eu prefiro ser louca do que desviver.
Vai, pode rir de mim,
Eu te acompanho,
Não existe alguém que ri mais de mim quando apanho.
Agora fica quieto.
Deita aqui no meu colo,
Vamo escutar aquele rap que um dia era nosso.
Dias atrás... Esse tempo já era.
Pela última vez,
Por tudo te agradeço,
Só não fique contando com a minha espera.
E fico nessa de
Eu.
O rap.
A rima.
A sina.
Você. - Luísa Monte Real

De Bem a Melhor

                                       

    E hoje é um daqueles dias em que eu acordo com o coração sereno. Aqueles dias que sinto que estou no caminho certo, mesmo sabendo que ainda tenho muitas batalhas para superar. É um daqueles dias que não sinto pendência nenhuma com você. Que me sinto com o dever cumprido e meu coração esbanja gratidão por ter vivido tudo que vivi com você. Que sinto que ambos fizemos nossos papéis na vida um do outro e precisamos nos libertar, para reconhecermos a nós mesmos de volta, para que possamos nos desprender dessa dependência de não saber o que é viver um sem o outro, para se querer de novo. Para que a gente possa preencher o que foi desgastado, para que a gente pare um pouco de se doar e possa se dedicar ao nosso amor próprio. Um daqueles dias que sinto uma saudade gostosa e fico recordando com muito prazer nossos momentos. Um daqueles dias que me sinto completa de amor e repleta de luz. Que dou aquele suspiro com gosto de valeu a pena. Um daqueles dias que sinto que ambos temos um caminho incrível pela frente e que estamos melhores um sem o outro agora, e que isso não derruba  tudo o que construímos. Um daqueles dias que tenho a certeza de que você também sabe disso nem que só bem internamente. Um daqueles dias que só tenho a te agradecer. Um daqueles dias que parece que todas as borboletas estão voando para fora de mim e as cicatrizes sendo cuidadas. Um daqueles dias que o Sol brilha em minha pele e eu sorrio de volta com o aconchego do abraço quente que a luz me dá. Um daqueles dias que eu paro para pensar e reparar em coisas simples como olhar uma formiguinha levando uma folha verdinha tão maior que ela até seu formigueiro, e ela tem tanto equilíbrio, força e noção do caminho e de onde ela tem que chegar, que me surpreende os seres humanos serem tão distraídos e perdidos. Talvez nós devêssemos olhar mais para as formiguinhas. 
    Um daqueles dias em que respirar não parece apertar meu peito. Um daqueles dias que eu me olho no espelho e enxergo coragem, força e a pessoa que eu gostaria de ser está bem ali na minha frente. Mexo em cada cacho e percebo que perdi um pouco de cabelo com minhas maluquices de pintar colorido, mas que nunca me achei tão bonita de um jeito simples e suficiente. Um daqueles dias que quero sorrir para um(a) estranho(a) na rua e olhar nos olhos dele(a). Já tentou? Sinceramente eu adoro, me sinto conectada, me sinto aqui, me sinto viva e me sinto pessoa sentindo outra pessoa, me sinto igual, nem melhor nem pior, igual. Um daqueles dias que abraço minhas imperfeições e digo "vocês são minhas". Um daqueles dias que relembro minhas qualidades, e por mais que meu caminho seja ser melhor e aprender a cada dia, faz parte reconhecer e valorizar nossa colheita. Um daqueles dias que precisar de alguém ou algo não faz sentido no mundo do amar e ser amada. Um daqueles dias que eu lembro a paciência e calma que aprendi a ter. Um daqueles dias que me amo por inteiro e sinto que há muito tempo não dava atenção a isso. - Luísa Monte Real

Escreva-me

 Você costuma dizer que fica sorrindo o tempo inteiro quando te mostro o que escrevo sobre meus sentimentos em relação a você. Diz que nunca sabe o que dizer, que não é bom com palavras. Diz se sentir um lixo por achar que não consegue se expressar e entregar para mim essa sensação boa e satisfatória que você sente quando me lê. E eu digo que é para você parar com essa besteira e se sentir especial. Digo que você não precisa me dar nada de volta, que meu amor é livre, assim como o que lhe entrego em palavras simples que se eternizam numa folha, mas que se perdem com o vento do tempo. Digo que não escrevo para você e nem por querer, escrevo para me esvaziar, o que você sente quando lê é só uma consequência, muito boa por sinal. Ei, não se preocupa não porque cada um se expressa de uma forma. Ei, não se preocupa não, que são nas formas mais simples, especiais e não planejadas que demonstramos o que sentimos. Ei, não se preocupa não, porque quando você  faz tamanho esforço de tentar escrever só para mim é algo muito mais de se surpreender do que os meus, porque você tem dificuldade, e eles ficam tão emocionantes, simples e sinceros, ficam tão "você". Sem ter aquela enrolação e decoração com palavras bonitas que nada mais são do que enfeite, porque o essencial está por trás. Está no significado e no que sinto quando me leio com tuas palavras. E é isso que quero, quero eu em você, não quero que seja ninguém mais do que eu em tua boca, em teu silêncio, em tua escrita. Escolhi você, e portanto escolhi ser escrita e desenhada por você. Escolha-me para ser sua arte como tu é a minha. Quero ser tua poesia, seja ela como for. Quero ser sua expressão, sua inspiração e seu suspiro. Escreva-me com teus dedos, com teus olhares, com teus ouvidos. Escreva-me sem dó, sem pensar, sem calcular, sem ao menos escrever. Ei, não se preocupa não, porque eu posso fazer uma lista enorme das coisas que você faz e fala que fazem com que tu escrevas sobre mim devagarinho e baixinho. Ei, não se preocupa não, que na linha eu escrevo por nós dois, e o seu silêncio sempre deixou escrito tanto sobre a nossa existência ... A maneira com que você sempre me escutou tão bem e gostava de escutar mesmo que fosse por horas e horas, e quando eu paro ainda pede mais, para que os sons das minhas palavras fiquem escritos do pé do teu ouvido até a meia dos seus dedos. A maneira com que você confia tão abertamente em ser você comigo e me coloca em um lugar de "seu diário" onde permite que eu escreva, questione e decifre cada canto da sua sala de estar, mais conhecida como mente, e ainda deixar que eu crie um pouco mais sobre sua alma. O jeito que você faz música só para mim com aquela voz dengosa quase que sussurrando, ou quando você pede algo que eu dizia não e você choraminga "ah por favor, só um pouquinho, rapidinho". Ou aquela vez que você, tão inseguro, deixou o seu bigode crescer porque eu disse que não gostava e você queria provar que eu te beijaria mesmo assim, e eu me apaixonei ainda mais em como você ficou engraçadinho e eu queria te engolir em uma onomatopeia só, nhac! Ou o seu sorriso que parece curvas perfeitas de um violão - e talvez por isso sua voz faz música - que me faz delirar por horas com os olhos brilhando. Ou até mesmo quando você briga comigo para que eu me cuide melhor e se não te acordo no meio da madrugada para pedir seu colo. Ei, não se preocupa não, porque os gestos são tão arte quanto o meu jeito de te transformar em poesia. Então vem pra cá, deixa eu tomar aquele seu café que você gosta tanto e ver se ele desce quente fazendo o mesmo efeito calmante em mim,  enquanto olho seu sorriso compondo música para mim ao ler mais uma das minhas mil bobeiras repetitivas que te escrevo. - Luísa Monte Real