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Lar doce mar

    



   Eu nunca entendi meu amor pelo mar. Não que amor desse para entender, mas tudo bem... Sei lá, o mar é tão o mar... É aquela coisa que não para nunca. Já pensou nisso?! Mesmo aqueles mares sem ondas, sempre tem uma corrente, um movimento. E se for falar de onda, já pensou que a mesma onda nunca foi repetida?! Nunca é o mesmo tamanho, nunca são as mesmas moléculas juntas, nunca a mesma forma, sempre diferente. E a cor do mar?! Muda o tempo todo, uma hora é verde, outra azul e às vezes até mesmo marrom meio mate. O mar é essa coisa única que não para nem se repete. Ele dá a sensação de estar sempre limpando tudo que está por dentro dele, dá a sensação de liberdade por não conseguirmos ver seu final. Dá aquele cheirinho gostoso e refresca até a alma. Ficar olhando o mar me dá uma calma, uma paz... Quando estou triste gosto de chorar olhando para ele, parece que ele vai lavar minhas lágrimas, parece que de certa forma ele me dá essa sensação de que tudo passa e se renova, sempre. O mar é uma dessas coisas que gosto de ter por perto, ele pode dar desvantagens como a umidade que faz eu ficar meio melada e meu cabelo em pé, mas prefiro morar no litoral ou pelo menos perto. Sei lá, é tão bom saber que tem um lugar certeiro onde eu posso estacionar a alma por algumas horas e me encontrar, me redescobrir ou até mesmo fugir de mim. Esquecer de tudo por algumas horas. Lembrar de tudo em outras. O mar, e a praia como um todo é como se fosse um colo. Além de tudo, ele ainda tem sua própria música. Respirar de olhos fechados e ouvir ele cantar para você é uma sensação indescritível, é quase uma terapia, se já não for uma.... E quando você mergulha nele é como se você se deslocasse para outro mundo. Um mundo interno. Onde o silêncio se coloca tão presente que parece ser possível escutar nosso corpo e nossa alma por inteiro. Um mundo que você se conecta com a natureza de uma forma tão direta e mágica. Ah, e não tem nada que me encha mais a alma do que conexões, conexões são esses encantos inexplicáveis que não se vê, não se toca, só se sente e só se sabe. O mar é essa mistura de beleza natural que encanta e hipnotiza os olhos com sensações que tocam a alma sem nem abri-los, afinal dizem que as melhores sensações, temos de olhos fechados. O mar é paradoxal. E quando voltamos à superfície parece que você se renovou junto com todos os ciclos que ocorrem nessa perfeita imensidão que é o mar. O mar é paz. O mar é conforto. O mar é turbulência. O mar é liberdade. O mar é perigo. Precisa-se ter responsabilidade para saber lidar com tamanho compromisso de ser livre, já dizia minha avó "o mar não tem cabelo para se segurar", ele te leva e leva, e quem não sabe onde se quer chegar, se perde... O mar é lindo. O mar é louco. O mar é meu reflexo. O mar é lar. - Luísa Monte Real

É porque sou carente de você


  Nunca gostei de garoto muito grude, que quer minha atenção demais, romântico demais, carente demais, apaixonado demais,bonitinho demais... Não conseguia ficar mais de um mês com a mesma pessoa, nossa enjoava demais... Sempre reclamavam como eu era "grossa", "fria", "não dá carinho", "não é melosa", "só dá patada", era amiga, legal, divertida, bonita, mas amorosa e carinhosa? Nunca, era impressionante. E olha que eu tentava e chegava a pensar que estava fazendo esforço demais. É que é aquela minha coisa né? Sou sincera e transparente demais, não sei fingir o que não sinto. E ai veio você e de repente você era "grude demais", "romântico demais", "carente demais", "apaixonado demais", "bonitinho demais". E ai veio você e de repente eu era "bonitinha", eu era "engraçadinha", "carinhosa", "grude", eu era "linda". Pera, o que? Você está realmente me achando tudo isso? Não, pera, o que? Eu to realmente gostando dos seus "demais"? E então, foi quando eu descobri uma melhor versão de mim que você despertava. Você me fazia querer ser o que eu não conseguia ser com garoto nenhum. Você me fazia gostar do que eu não gostava em garoto nenhum. Não tem como explicar muito bem como isso aconteceu. Só sei que foi assim. Quis te colocar num potinho, te esmagar e morder, do tamanho sentimento que me transbordava. Queria te enfeitar um sorriso com as minhas maneiras mais doces e poéticas. Ficar abraçado e não soltar. Olhar tua foto e derreter de alegria e amor só por aquele rostinho existir em minha vida. Fazer de você meus melhores textos. Te fazer feliz como me fazia com todo teu amor.  A perfeição estava longe do nosso alcance, mas alguns momentos eram perfeitos. Queria te emprestar um pedaço meu e ter um pedaço teu. Deixa eu te contar que quando é raro encontrar isso é muito mais gostoso e único? Então, desculpe a todos os outros garotos, meu amor é muito sincero para ser desperdiçado e confundido por carências passageiras que qualquer um tapa e eu não tenho paciência. E quanto a você... Ah, é que eu sempre quero um pouco mais de você... é que eu, eu sou carente de você. - Luísa Monte Real

Seu reflexo sobre mim


   E todo mundo ama meus textos sobre você... Não sei a diferença. Para mim, escrevo todos os textos com o mesmo intuito: me expressar, tornar meus sentimentos e pensamentos vivos e dá-los a possibilidade de viajar e ser de outros. Talvez seja porque ainda exista essa ideia romantizada do amor de casal que o povo adora. Não sei, mas é uma dúvida que me vem toda vez que posto algo sobre você. Talvez você seja a maior inspiração da minha vida até agora. Não sei, mas os textos sobre você sempre tem mais visualizações. Talvez o meu sentimento por você seja tão forte, transparente e verdadeiro que eu passo toda essa sensação em minhas palavras e quem lê consegue senti-las. Não sei, mas também são meus textos favoritos. Talvez as pessoas consigam sofrer uma melhor catarse com os textos sobre você, porque o amor é universal e gostamos de nos colocar dentro dos romances, e os outros textos são mais particulares.  Não sei, mas a forma como me alivia te escrever é indescritível. Talvez seja porque foi você o meio que eu aprendi a escrever como escrevo. Não sei, só sei que toda vez me surpreendo com a reação das pessoas a seu respeito, confesso que isso me incomoda um pouco porque eu tenho um certo medo da supervalorização do amor entre casais, mas eu sei que a maior parte de mim fica muito feliz e me influencia a pensar que você é essa coisa única que me aflora sentimentos diversos. Mas, eu paro e penso. Nada disso é sobre você, é sobre mim. Sim, o que eu sinto por você, o que eu vejo em você dizem a respeito a mim, são as minhas interpretações sobre você, e são apenas minhas, eu criei e passei pro papel, até mesmo quem lê, lê suas próprias interpretações e fazem um "você" particular, um "você" que elas mesmas imaginam, e não o "você" que eu pensei quando escrevi. Então, desculpa, mas você não é essa pessoa única que me causa sentimentos, eu sou minha própria pessoa que eu mesma me causo sentimentos únicos por você, obviamente sem que eu escolha e até mesmo tenha grande controle. E desculpa, ainda podem existir outros "vocês" os quais eu desperte sentimentos únicos que também me inspirem de maneira tão colorida ao ponto de ser não só meus textos favoritos, como daqueles que me leem. E é aqui que eu me liberto de você, é aqui que eu entendo que o dom da poesia é meu com ou sem você, e que você é só mais um personagem o qual eu deixei que em meu jardim de rosas e tulipas - diga-se de passagem, minhas flores favoritas -, você florescesse da maneira que mais se encaixava nas minhas vontades. Eu reguei, eu cuidei e deixei ao Sol de maneira que você nascesse em mim da forma mais bonita, essa forma mais bonita inspira os meus textos, mas essa forma não é você por inteiro, essa forma é o reflexo de você em mim, e assim como o espelho não deixa de ser o espelho quando olhamos para ele e nós apenas uma imagem, eu não deixo de ser eu e o seu reflexo em mim apenas uma imagem sua a qual eu faço, e ela não é o seu verdadeiro eu. Um espelho que deforma, não significa que o que é refletido é um ser deformado, mas sim que o espelho é deformado. Portanto, meus textos sobre você nada mais são o reflexo de uma beleza que eu tenho e formei em mim, e espero que eu possa sempre refletir o melhor e o mais belo de todas as pessoas que eu queira escrever. - Luísa Monte Real

Duas crianças brincando de amar


      Tudo começou meio assim, meio que só de brincadeira, só para se experimentar, só para ser impulsiva uma vez, só para ser criança de novo e fazer as coisas sem pensar, só para tentar algo diferente depois de anos de amizade, só para matar a vontade que veio do nada ou que talvez sempre esteve ali e ninguém viu ou eu não vi, aposto mais nessa última opção, mas tanto faz agora... Tudo começou meio assim só para ver no que ia dar, meio que só para fazer minha vontade uma vez na vida sem pensar nas consequências, sem medos, meio assim sem ligar que era errado, na verdade a gente nem achou errado no começo, meio que só para sair da mesmice, meio que só pra ver se eu fugia um pouco de mim e das minhas regras, meio que só para me libertar. E então a brincadeira começava com um pouco de pé atrás, um pouco engraçada, meio esquisita, meio "a gente vai brincar mesmo ou...?". Sem perceber a gente nem reparava que era ainda uma brincadeira, sem perceber a gente se mostrava um mundo de sensações nunca sentidas antes... Nossa, eu nunca havia me sentido daquele jeito e apesar de você ter demorado mais para admitir, você também nunca havia sentido! E era tão... Sei lá, bom de uma maneira tão mágica. Era como se tudo brilhasse, era como ver estrelas por todo canto, era um fogo tão grande... E para os dois era só vontade, era só algum tipo de tesão e talvez ali no começo ainda fosse mesmo só uma vontade misturada com o amor da amizade. O que nos surpreendia e nos deixava meio perturbados era que nunca pensamos que fosse possível um dar tanta vontade no outro. Tudo acontecia rápido demais, e a gente só tinha mais e mais vontade de se descobrir, uma ansiedade enorme, e a gente se entregava e se envolvia e se enlaçava. Eu sentia uma confiança e uma segurança que nunca tive com ninguém, então sai da minha própria base para ficar no teu abraço. Tudo o que ele me pedia e queria, eu queria. Abria a mão das coisas mesmo achando que estas não condiziam com as regras, só queria você e você só queria que eu te quisesse, se o meu desejo condizia com o seu, que mal tinha?! Te perder não era opção. E de repente era vontade de estar junto, dormir junto, ah! Era tão ruim não dormir assim agarradinho e a gente achava isso estranho porque nenhum dos dois estavam acostumados a ter essa vontade com ninguém ou pelo menos quase  com ninguém, nenhum dos dois gostava dessa coisa meio casal grude. Era vontade de acordar junto, ah! Acordar e não nos vermos ao abrir os olhos era uma tortura! Você dizia que queria me acordar com beijos... Era vontade de tomar banho junto. Era uma angustia enorme, uma tortura não estar junto, não estar se tocando, se olhando, se sentindo. E tínhamos e nos deixávamos ter todas essas vontades sem ligar para as regras estabelecidas no começo da brincadeira, era tudo tão recíproco que não dava para acreditar, não dava para largar, só dava para querer mais e mais e mais e mais e vem cá logo! Era tão boa a ideia do casal proíbido que de alguma forma tava dando certo. Porque vamos combinar, a gente foi proíbido um para o outro de todas as maneiras, para começar éramos o retrato perfeito da dama e o vagabundo, nossos gostos totalmente opostos, uma paulista e um carioca, eu Barra você Zona Sul, e depois ainda veio a história Romeu e Julieta, e bom por final, aqueles famosos amigos "eu nunca te pegaria, pera ai!", "você é tipo um irmão/irmã". A gente tava quebrando todas as regras possíveis. E para que regras? A gente não lembrava que estava brincando tinha um bom tempo. E ai que ficou sério. Ficou sério mas ninguém queria aquilo, ninguém tava preparado para aquilo. Ficou sério e ninguém percebeu. Ficou sério e ninguém cresceu. Ficou sério e todo mundo ainda achava que era brincadeira. Até começar a doer, até doer muito, até eu não entender porque tava doendo se era só uma brincadeira e que o combinado era que ninguém nem ganhava nem perdia, seria empate sempre... Mas então eu me sentia perdendo naquela brincadeira, e percebi que da brincadeira a única coisa que tinha restado eram os participantes. E ai, o caos. E ai, que eu me procurava e não me achava, só achava uma garota que tinha o nome dele bem na testa, mas que tapava com a mão para ninguém ver, nem mesmo ela no espelho. Mas aquela garota era eu, e eu tirei a mão da testa. Fiquei olhando seu nome e doía tanto, como eu ia admitir que tinha deixado aquilo acontecer? Era só amizade... Era só uma brincadeira...  Mas ai, olhei para ele e achei um garoto com a mão na testa, eu via a primeira letra de meu nome, mas ele ainda não tinha coragem de tirar e ver o resto do nome, ele já sabia, eu também, mas ter a certeza doeria mais... E agora? Agora sou eu, você e a procura pela aceitação. Você estava assustado, eu estava surpresa e pronta para partir nessa aventura mesmo com medo. Mas já você... Você tinha aquela tal da insegurança que fazia o seu medo ficar muito maior do que sua vontade de agir, em alguns momentos sei que não, sei que em alguns momentos você tentou fazer a coragem e o amor falarem mais alto, mas não foi o suficiente né?! Tudo bem... Mas meu amor, depois dessa sua fraqueza, algo me diz que não estamos preparados ainda um para o outro em termos de casal. Talvez a gente nunca esteja, parte de mim quer acreditar que é questão de tempo e de amadurecimento... O que você acha de continuar nossa caminhada e deixar que a trilha nos leve para o destino certo? Talvez a gente se distancie. Talvez a gente permaneça amigos. Não é que eu acredite nisso de "se for pra ser será" ou até mesmo em destino e estar escrito nas estrelas, mas é que talvez em um futuro a gente e o nosso amor se encaixem melhor. Mas por favor, não insiste mais, não pense mais nisso, é só aceitar os fatos e não lutar contra maré, deixa que tudo aparece na nossa frente conforme nossas pegadas.  Então não diz que é nunca mais, é só por enquanto. Não coloque um ponto final, deixe em reticências que é para que o nosso amor fique pelo ar e não deixe de existir. - Luísa Monte Real


Amor encantado




    Sempre vivi em um conto de fadas, confesso. Sou aquela menina clichê que ama rosa, fã de Disney e até meio patricinha que odiava os garotos na infância. Dama e o vagabundo. Cinderela. Bela adormecida. Bela e a Fera.  Romeu e Julieta. E todo tipo de filme americano de amores impossíveis que no fundo a gente sabe que nunca vai acontecer, por favor. Será?! Sempre me perguntei até que ponto a vida inspirava o filme ou o contrário. Por outro lado, sempre fui aquela garota diferente, com uma educação mais reforçada, não tinha pais separados e minha mãe não trabalhava, eu realmente gostava de estudar quando criança e era bem disciplinada, eu era aquela garota chata que apontava o amiguinho que tava me irritando pra professora, era aquela que perguntava na aula sem medo de parecer nerd, minhas notas sempre importaram assim como minha futura carreira. Eu era uma mistura de futilidade com caráter. Sempre muito sonhadora e ao mesmo tempo racional. Sinceramente, eu sempre quis um romance desses de filme, bem clichê mesmo, bem conto de fadas, mas não queria me iludir, esse tipo de coisa não existe, pelo menos qual a chance de existir comigo? Quando de repente, um certo alguém apareceu. Ele mesmo. Aquele garoto carismático, engraçado, bonito, que encanta todo mundo com seu jeitinho, que não quer nada com nada, só quer saber de mulher. Aquele garoto que conhece metade da cidade e mais um pouco. "O vivido", "o experiente". Aquele todo do avesso, aquele "cool". Minha primeira reação foi ATENÇÃO! CUIDADO, VOCÊ NÃO VIVE EM UM FILME! E eu só pensava em não me apaixonar, afinal o clichê não aconteceria comigo. Mas eu tinha certeza que de alguma maneira eu podia alcançar o príncipe dentro daquela máscara de sapo sedutor que mostrava para todos e todas. O mais engraçado é que eu não queria fazer isso para ter meu conto de fadas, assim como Cinderela foi para o baile sem ter a intenção de casar com o príncipe, eu estava fazendo isso porque queria provar para mim e para ele que ele não era só aquilo, que eu podia enxergar seu verdadeiro eu e fazê-lo se enxergar. Era algo instintivo, fiz por empatia e compaixão, fiz para me conhecer melhor, conhecer meus dons, não sei como mas ele fazia eu me enxergar e analisar quem eu queria ser, ele despertava o meu melhor. A gente crescia junto, e eu com a minha mente cada vez mais aberta queria trazê-lo para o meu mundo. Talvez eu tenha sido um pouco egoísta, talvez eu não devesse querer nada, não sou a dona da verdade. Mas é que era tão bom amá-lo e me sentir amada da forma que ele me amava, eu sentia sua essência, eu sabia que ele era muito melhor do que se mostrava ser, eu não sei, eu sou intuitiva e acredito que todos temos dentro de nós aquele verdadeiro eu e eu só queria que ele o libertasse, porque eu tinha certeza que assim, ele poderia se amar mais, e eu queria mostrar o caminho para isso. Estava disposta a gastar toda minha energia para ficar ao seu lado, para ele ter um apoio, para ele ter um aconchego, para se sentir confortável para voar, porque ele conseguia me fazer voar alto cada vez que eu conseguia me aproximar do seu verdadeiro eu, ele era lindo. Então, como quem não quer nada, depois de muito tempo, nos apaixonamos muito sem querer querendo. É, o encantamento se fez presente. Mas diferente do conto de fadas, estar apaixonado não era a solução de tudo, não era só ficar junto e pronto. Você sabe né, pessoas complicam, pessoas tem personalidade. Mas eu não deixei de lutar, não porque estava iludida com meus filmes da Disney, mas porque a vida é uma luta que nunca para, a única coisa é escolher pelo que lutar, e eu estava lutando por ele e ele por mim havia muito tempo, não seria agora que eu iria desistir. Sei, sou só uma adolescente. Sei, parece ser só uma paixonite qualquer para você. Mas é muito mais do que se parece aos olhos de quem vê, pena que os olhos que importam são os meus e os dele... E então Branca de Neve e Aurora acordaram com um beijo encantado, Mulan se tornou uma grande guerreira, Ariel e Eric venceram entre dois mundos, a Fera e o sapo se faziam príncipes, Cinderela e os ratinhos eram encantados pela magia da fada madrinha, Aladin e Jasmine venceram o amor proibido,  e todos os contos de fadas se faziam presentes no momento em que ele dizia tudo o que nunca acreditara pra valer que alguém diria pra mim, fazendo meus sonhos de princesa serem concretizados e me dando a sensação maravilhosa de poder realizá-los. O quão ingênua eu sou? O quão infantil isso parece ser? Não sei, mas sorte a minha ser, porque acaba tornando os momentos simples em momentos incríveis. Ali enxergava o homem que eu sempre soube que existia e que lutara tanto para ter. Ali eu ganhava o meu conto de fadas, ele era o meu amor encantado. E assim, foram felizes no pra sempre de cada momento nem tão perfeito assim, mas juntos. - Luísa Monte Real 

Milésimo Primeiro




 
   Queria te escrever em mil livros só para deixar registrado todos os teus detalhes que despertam o meu melhor, o meu sorriso, o meu riso, o meu prazer. Queria te escrever em mil livros pra tentar te explicar o que vi e senti por você. Mil livros pra explicar que é você e só você. Explicar essa vontade particular que tenho, é o seu toque, seu beijo, seu cheiro, sua voz, seu olhar, seu abraço. É uma tempestade de sentimentos e sensações. É a tranquilidade de uma brisa com a turbulência de um furacão. É a calma na alma e o fogo que me sobe até o pescoço. É a loucura e a bobeira. Então vem aqui, chega mais perto amor, para eu te falar bem no pé do teu ouvido o quanto você me faz feliz enquanto você brinca com meus cachos. Vem aqui, dá aquela risada gostosa e aquele sorriso que eu gosto enquanto eu contorno seu rosto com meus dedos. Vem aqui, faz aquele risoto que você gosta pra dispensar meu desastre na cozinha. Vem cá, deita comigo e não esquece de apagar a luz da sala. Vem aqui, fixa os teus olhos nos meus, enquanto a gente despe nossas almas um para o outro sem deixar nenhum mistério. Desvendando pouco a pouco que cada sensação e sentimento é recíproco aumentando cada vez mais a chama que existe no outro. Vem aqui, faz aquelas palhaçadas que fazem doer a barriga de tanto rir e que me dão uma vontade enorme de te beijar a boca. Vem cá, diz mais uma vez o quanto eu sou engraçada e o quanto eu te faço bem. Vem cá vem, deixa eu te falar uma, ou duas, ou três coisas carinhosas e grudentas. Vem aqui rapidinho, diz que já tá com saudade depois de dois minutos sem mim e diz também aquelas coisas que me dão vontade de te apertar e colocar num potinho. Vem aqui devagarinho, tudo bem vai, eu assisto seu futebol e ainda torço com você, enquanto você assiste minha série boba.  Eu prometo não cortar meu cabelo curto porque você prefere ele longo.  Eu prometo que durmo feito um anjo e nem me mexo de noite, só não rouba toda a coberta, promete?! Ah, e não esquece de me beijar de manhã antes de sair, não ligo se me acordar, logo volto a dormir com seu gosto tatuado no meu. Agora deita aqui enquanto eu mexo no seu cabelo e penso no milésimo primeiro livro pra te escrever. -Luísa Monte Real


Sinto muito, mas...



   É porque no final do dia a gente não escolhe por quem vai se apaixonar. E boa parte de mim não queria ter se apaixonado por você e creio que nem você por mim. No final do dia, eu só queria ter me apaixonado por alguém que fosse exatamente como você, mas que não tivesse aquele "mas", aquele simples "mas" que parecia um grão, mas que você fazia questão em não assoprar e deixar pra trás, era tão pequeno, mas que como todo "mas" gerava o paradoxo que criava o famoso "uma coisa ou outra". No final do dia, você só queria ter seus 19 anos pra sempre e se engessar no seu "eu" como se já tivesse 80 e não houvesse mais tempo para ser diferente, ou até houvesse mas sabia que não tinha mais chance. Você não se dava essa chance e consequentemente, tirava a minha chance. No final do dia, você me fazia aflorar o melhor de mim e eu o seu quase melhor não fosse aquele "mas". No final do dia, eu só queria você, você só me queria, mas... "Eu não posso ser o tipo de cara que só quer uma? Por favor né e o meu ego?". No final do dia, eu ficava cinco minutos sem aparecer e você já surtava achando que te trai como se a gente tivesse algum tipo de compromisso, por que é isso que você fazia naquelas duas horas sem me responder, né? No final do dia, você queria que eu fosse somente sua quando seu coração era meu, mas seu corpo... Nem tanto. Mas tudo bem, o que importa é que a gente foi sincero o tempo inteiro, você nunca me escondeu que não mudaria e eu nunca te escondi que me tornaria sua princesa. No final do dia, a gente fingia que dava certo sabendo que já não havia dado. No final do dia, a gente se apaixonava mais um pouco só pra não ter que se entregar à derrota. No final do dia, era tudo perfeito e colorido para você enquanto para mim era um arco-íris, ou seja, Sol e chuva ao mesmo tempo, tudo por causa do seu "mas" que no momento, só estava pesando para o meu lado. No final do dia, eu já estava farta de andar naquela nossa montanha russa de emoções na esperança de encontrar o nosso caminho de calmaria. No final do dia, eu arrumei minhas malas, senti teu cheiro mais uma vez em suas roupas, peguei minhas chaves e deixei no seu criado mudo junto de uma cartinha porque você me conhece... E ei, promete não chorar para não molhar o papel? No final do dia, eu fiz o que era para ter feito há muito tempo, na verdade já era a terceira ou quarta vez que fazia, mas sempre esquecia de deixar as chaves... O mas sempre atrapalha né? Mas dessa vez eu ia sem "mas", aquele "mas" não me pertencia e não era minha obrigação aliviar o peso das suas costas com um problema que era seu e somente seu, e por isso eu fui embora. Espero que seu "mas" não fique tão pesado quando ver as chaves, a casa com partes vazias sem meus detalhes e meu cheiro perdido pelos cantos. Espero que você consiga ser feliz desse jeito que você diz gostar, com o seu jeito "mas" de ser. Não levo rancor, nem raiva, talvez um pouco de tristeza... mas carrego em mim as lembranças do alguém que fui com você e do quase alguém que você foi comigo. Só espero que no final do dia, você possa se livrar desse peso, consiga ser mais leve e que encontre alguém como eu logo depois disso para não se arrepender nem um segundo sequer de ter deixado o "mas" entre a gente. É porque no final do dia, quem me deixou escapar foi você. - Luísa Monte Real

O grito

   Ah! E eu gritei. Lembro-me, eu ainda era pequenininha. Do som da minha voz infantil você surgiu. Não te reconhecia nem sabia exatamente o que tu eras, nem mesmo o que eu sentia em relação a isso. Meu grito baixinho. Às vezes até me esforçava para poder escutar seu eco infinito. Era um grito com muitas confusões de som. Mistura de zunidos. Quem é essa que está roubando parte de mim? Chega e vira meu mundo de cabeça para baixo! O grito se tornava berro e percebia agora que você também gritava, comigo. O que parecia ser um grito e confusão de sons não vinha só de dentro de mim. Tentava tirar o som que ouvia de foco na hora da discórdia, não queria admitir que ali havia alguma conexão, mas como evitar esse serzinho que carrega tanto de mim em si ?! Brincadeiras. Histórias. Palhaçadas. Caretas. O eco aumentava, escutava quase que claramente, o grito se tranquilizava e parecia se organizar com os vários zunidos. Meus pensamentos se tornavam mais nítidos, e consequentemente, mais intensos. O grito não mais era berro. Era um som doce, como uma voz calma e harmônica, vinha da junção de uma playlist inteira com diversos tipos de música, que nos unia e definia muito nossas personalidades, mesmo que tão diferentes e exclusivas. Controlávamos juntas cada timbre, amplitude e frequência. Às vezes erramos alguns acordes, mas o que são duas ou mais notas estranhas quando a seguinte já está correta? Nos tornamos um dueto. Duas letras de música que formam uma  só canção. Perfeita, inesquecível e incansável sintonia. Agora entendia, o som era a nossa relação.

O intruso

    Por que você faz isso? Por que você se fecha? Por que você não se entrega? Por que você cria esse peso? Por que você não me deixa ver seu jardim? Mesmo que ele seja assim, meio bagunçado e cinza. Deixa eu ver, só pra gente bolar um plano de colocar uns passarinhos, umas cores, uns cheiros, uma brisa que varre e um sol que ilumina. Só para gente tentar. Juro que se não der certo eu te dou o cimento pra colocar seu muro de volta. Mas deixa eu tentar... Ei, quem foi que te fez ficar assim? Quem foi que te disse que você tem sempre que ser forte? Quem foi que te disse que ser pedra é melhor? Quem foi que te disse que você tem que ser perfeito? Quem foi que te disse que tem que ser sempre certo? Quem foi que te disse que não se pode confiar em ninguém? Quem foi que te disse que você só machuca os outros? Quem foi que te disse que a dor é fraqueza? Quem foi que te disse que ela é sua inimiga? Quem foi que te disse que as lágrimas tem que ser seguradas? Foi você não foi? Não foi você quem te disse todas essas coisas? Não foi você que se convenceu de tudo isso para não ter que encarar suas dores, seus erros, seus defeitos, seus medos? Oh meu amor, não se cobre tanto. Não escolha o caminho mais fácil, mal sabe que é o caminho com mais armadilhas. Armadilhas que você mesmo faz para se proteger de intrusos, se proteger de qualquer um que te faça acelerar o coração, qualquer um que te seja uma ameaça, e então você começa a achar que todos são uma ameaça e faz de tudo para ninguém entrar. Mal sabe que o seu maior intruso é você mesmo. E esse intruso não é seu inimigo não, na verdade ele é o seu melhor amigo. Ele é o teu reflexo, ele pode ser bem feio quando aparece e talvez por isso você nem queira vê-lo ou nem mesmo o reconhece, talvez por isso você ache que os intrusos são os outros. Mas ele é seu melhor amigo e só quer te amar, te cuidar. Ele quer te mostrar seus defeitos, ele quer te mostrar o estrago, mas ele quer que você o veja e o enfrente. Que você o aceite, que você admita que ele é você. Mas ele quer mais do que isso, ele se mostra porque ele pede desesperadamente que você perceba que você é capaz de mudar, que você é capaz de ser o que você sempre quis, que você molde ele do seu jeitinho, mesmo que doa no começo, mesmo que a massinha seja dura de início. Ele quer que você não o abandone mais, que você o respeite, que você o ame. Que você não tem que ter medo de nenhum outro intruso porque se você souber lidar com ele, não tem quem te segure. Então vem, eu te ajudo. Dê-me a sua mão. Mostra-me esse intruso, deixa ele me bater com força se você não aguentar, só não esconda ele. Liberte todos os seus demônios e os faça luz. Prometo ficar se você prometer que não vai mais se abandonar . Vem sem medo de me machucar, porque ninguém pode me machucar mais do que eu mesma e por isso me garanto da certeza de que te carregarei no colo sem me doer. Deixa eu te mostrar que eu posso amar ele e assim quem sabe você também não o ama? Por favor meu amor, porque seu orgulho, seu ego e suas barreiras já me sufocam. Não posso mais te ver se autocastigando, não posso mais te ver fugindo de quem você realmente é e quer ser. A gente é tão novo, ainda dá tempo de mudar, ainda dá tempo de fazer diferente, ainda dá tempo de se libertar e se encontrar. Vai, mostra pra todo mundo quem é o trouxa nesse mundo. Vai, mostra pra esse mundo cheio de solidão e individualismo que a gente pode dar sem ter que receber e que isso não é submissão. Vai, mostra pra esse mundo cheio de dor e ódio que ainda tem esperança. Vai, mostra que não existe impossível. Vai, mostra pra todo mundo que autoestima tem a ver com amor próprio e não ego e imagem. Vai, fala o que ninguém falou. Mostra o que ninguém mostrou. Tenta o que ninguém tentou. Inventa o que ninguém inventou. Acredita no que ninguém acreditou. Erre o que ninguém errou. Conserte o que ninguém consertou. E ame o que ninguém pode amar mais e melhor. Você.

Ipanema

      Não sei o que tanto eu gostava naquele lugar. Obviamente, por simplesmente ser Ipanema, estar na Zona Sul, um dos lugares mais famosos e bonitos do Rio de Janeiro, com diversas áreas culturais, históricas e naturais por perto. Obviamente por ter um dos melhores e mágicos lar, a praia. Obviamente por ter o pôr do Sol mais lindo que já vi. Mas não era só isso... Era mais do que isso, porque eu amava a energia da Zona Sul, mas Ipanema era especial. Talvez porque passasse ali todo dia e era como me apaixonar todo dia pelo mesmo lugar. Talvez fosse a sensação de lar e de paz. Talvez fossem as memórias que aquele lugar me trazia e/ou as memórias que eu ainda queria ter ali. Talvez fosse a imagem que eu havia encontrado o ponto de conforto dos meus olhos: a junção do céu, a praia, o Morro dos Dois irmãos com a favela brilhando e um pedaço da Pedra da Gávea. Talvez fosse porque dava pra fazer muitas coisas a pé, sentir o chão, ver gente. Talvez porque era um ponto ótimo para ir para muitos outros lugares do Rio.  Talvez fosse a diversidade de pessoas que passavam ali. Ricos, pobres, negros, brancos, amarelos, vermelhos, hippies, rockeiros, funkeiros, rappeiros, patricinhas, nerds, gordos, magros, musculosos, gente bonita, muita gente bonita, brasileiros, gringos, altos, baixos, deficientes, loucos - loucos todos somos -, gente cheirosa, gente sem cheiro, gente fedida, muita gente. Gosto disso, muita gente, muita falação, movimento. Contato com mil e um gostos, pensamentos, energias e histórias de vida. Talvez as coisas espontâneas que se encontravam ali. Talvez fosse a música ao vivo. Talvez fosse a vida. Sim, muita vida circulando e me dava a incrível sensação de pertencer e de estar viva. Talvez todos esses fatores me fizessem ver eu mesma. Ipanema era meu reflexo. Fazia-me sentir ao mesmo tempo carioca turista e uma paulista moradora. Uma mistura. Uma paulista pseudocarioca. Fazia-me sentir parte de uma miscigenação. Fazia-me sentir brasileira e com vontade de ser.  - Luísa Monte Real


Foto: Luísa Monte Real 

Ela

 
 
     Uma mãe. Uma esposa. Uma tia. Uma prima. Uma sobrinha. Uma irmã. Uma filha. Uma mulher. Tudo em uma só. Carrega o peso de mil personagens, mil histórias, erros, dores, acertos, alegrias, perdas e ganhos em um só coração. E que coração... Esse coração não é de pedra não, mas é forte como uma. Esse coração não é mole não, mas é aconchegante como pluma. É um coração paradoxal, mas que funciona. É o coração dela e sem posse algum entrega nas mãos do mundo. Ele pode até ter algumas cicatrizes e manchas, mas pra mim é o que o deixa mais bonito. É o que dá a sua singularidade, é o que faz com que em meio ao mundo em que foi entregue todos saibam "é dela". Só ela sabe como foi difícil torná-lo assim. Só ela sabe quantas vezes ele quis desistir. Só ela sabe como ele foi teimoso e preguiçoso nas lutas. Mas ela nunca o abandonou, ela nunca desacreditou, ela sabia que haveria um retorno de todos os sacrifícios que passou e ainda passa para permacê-lo assim como uma porta de boas vindas, um lugar gostoso, calmo, leve e com muitas energias positivas circulando por ele. Ela sabia que assim ela poderia se tornar a mulher de hoje. Ela sabia que assim todas as suas cicatrizes seriam sempre fechadas, sem jorrar sangue em si mesmo e nos outros. Ela é assim, forte e delicada. Porque a fortaleza está na abertura das gentilezas, e a fraqueza na barreira das grosserias. E hoje, ela se olha no espelho e o reflexo é um brilho simples, um brilho que não ofusca os outros, mas ilumina. Não há quem não se inspire nela, não há quem não a admire, não há quem não queira receber um pouquinho do seu coração. E ela é assim, não dá nem pra sentir inveja, traz só a vontade de ficar adorando, de querer receber sua luz e de um dia quem sabe ter uma singularidade, não igual a dela, mas que seja capaz de amar como ela. - Luísa Monte Real

Foto: Beth Romano

Telepatia

Seu silêncio pesado me incomoda
Seu silêncio lento me faz pensar
O que está pensando?
O que quer dizer?
Quer dizer alguma coisa?
Vai dizer agora?
Quer que eu diga?
Meu silêncio de chumbo te incomoda
Meu silêncio devagar te traz um dilema
Falo não falo? Eu começo?
To esperando te incomodar tanto até dizer o que quer
To esperando pra não falar e te cortar se começar a falar
Por que a gente sempre quebra o silêncio na mesma hora?
Seu silêncio sereno me acalma
Seu silêncio doloroso revela seu arrependimento
Seu silêncio pensativo me mostra  mais do que suas palavras
Palavras nunca são seu forte...
Seu silêncio triste diz suas mágoas
Seu silêncio só me diz tudo isso porque já conheço seus pensamentos.
Pensamentos que não se conectam com palavras
Falo que não sei o que falar?
Quero ter o que falar, ela sempre fala...
Meu silêncio te diz que entendo sua falta de palavras
Meu silêncio te diz que te perdôo
Meu silêncio te diz que se quiser não precisa falar
Meu silêncio te diz que se quiser pode começar um assunto bobo,
do dia-a-dia
Meu silêncio só diz tudo isso porque já conhece minhas palavras.
Seus silêncios calam seus pensamentos.
Meus silêncios calam minhas palavras.
Tá melhor do resfriado?

  – Luísa Monte Real





Amor sem padrões

     E que tudo seja rosa vermelha e pimenta picante. Que tudo se transforme em amor com sentidos e intensidades diferentes, mas sem medida de valores. Amor é amor. Sem preços e sem explicações. Que se quebre a ideia de que só casais tem romantismo. Que irmãos e irmãs se declarem. Que vizinhos façam surpresa. Que pais recebam flores de seus filhos. Que avós e netos façam poemas. Que primos se mandem cartas de declaração. Que amigos briguem por questões da relação e se desculpem com chocolates. Que tios e sobrinhos vejam filme com pipoca no cinema. Que eu possa morrer de saudade por alguém sem que seja um namorado em um intercâmbio. Que eu possa achar o melhor beijo do mundo em uma rua qualquer sem que eu precise casar. Que eu possa amar intensa, bela e romanticamente meu melhor amigo sem que goste dele como meu namorado. Que eu possa abraçar minha irmã e me sentir no melhor abraço do mundo sem que ela seja meu noivo. Que meu maior companheiro seja meu cachorro. Que eu possa me apaixonar por todos que admiro e amo, porque pra mim paixão não significa tesão e não tem só um tipo. Que o meu sorriso preferido seja o da minha mãe. Que o meu maior riso seja do meu pai. Que eu possa amar todos como nunca amei ninguém. Mas que eu ache um mix de todo esse amor e paixão  acompanhados de um desejo carnal em uma pessoa que vou levar para casa, ter um cachorro, uma tartaruga e talvez um casal de filhos. - Luísa Monte Real

Um telefonema, mas o seu.

    Saudades de quando a gente ficava horas no telefone falando sobre tudo e sobre nada. Todos os minutos eu ficava com um sorriso estampado no meu rosto, muito boba, e pelo tom da sua voz eu sabia que você sorria igualmente. Saudades de como às vezes você me escutava tão bem e às vezes não me deixava falar nem por um segundo. Saudades de quando chegava um momento em que o assunto acabava e sua respiração era o ponto mais calmo e aconchegante que eu já pude encontrar. Dizem que o silêncio cômodo é o ponto de maior intimidade e me sinto assim com você. O silêncio e a sua presença eram tão confortantes e relaxantes que não me importava de deitar naquele banco de madeira que fazia minha cabeça doer no dia seguinte. Nessa hora eu não pensava em nada e creio que você também não. Ouvia só a sua respiração e você a minha. Só pensava em como ela fazia-me sentir tão acolhida por você, às vezes um de nós chegava até dormir por tamanha calmaria. Saudades de quando ficávamos horas no telefone e eu me sentia tão perto de você ao ponto de parecer que a sua voz estava dentro de mim, mas ao mesmo tempo tão longe ao ponto de não poder te abraçar. Saudades de me sentir como eu me sentia quando a gente se falava por telefone, uma euforia, uma alegria. Saudades da sua risada boba de criança. Saudades de quando eu fingia que não estava mais ali e você repetia meu nome mil vezes de diversas maneiras e vozes até eu falar: "que?". Saudades das suas manias, confesso que algumas estão comigo e sinto raiva todas as vezes que me pego fazendo-as. Saudades até da sua voz, que não era muito do meu gosto, e que apesar de masculina e rouca, era um pouco fina. Aquele sotaque mole e forte de carioca que tanto me irritava e às vezes até me fazia rir e tirar sarro. Aquele silêncio depois do "acho que vou dormir" dizendo que os dois queriam aquele momento eterno não só nas lembranças. E o silêncio entre o "boa noite" e o som de que desligou, trazia-nos a vontade de dizer que nos amávamos. Sim, brigamos muitas vezes e nelas nem de longe queria ter a presença da sua  aconchegante respiração e da sua irritante voz. Mas brigas que só nos fortaleceram. Hoje já não sei mais o que vai dar. Hoje só sei da saudade. E espero que sua respiração logo chegue, antes que eu comece a ter que me lembrar de não esquecer o som da sua voz. - Luísa Monte Real

Quando perdoei

   Uma certa manhã me peguei e tinha te perdoado. Descobri que foi algo de tempo. Descobri que foi sem eu querer ou perceber. Eu percebi que perdoei quando naquela manhã, descobri que eu não sentia mais pelos seus erros. Perdoei quando estranhei a memória deles. Perdoei quando duvidei que tudo não tinha passado de um pesadelo, e que nem traumático este tinha sido. Perdoei quando me peguei pensando: "Você realmente fez isso? Nossa nem dá pra acreditar, que doideira!". Perdoei quando a lembrança era só memória e não doía mais, como um filme. Perdoei quando superei. Perdoei quando olhei nos teus olhos e te amei mais ainda apesar dos pesares.  Perdoei quando olhei nos teus olhos e soube que valeu a pena não ter desistido. Perdoei quando meus machucados estavam cicatrizados e eu senti surpresa ao ver que no seu corpo eles estavam igualmente tatuados. - Luísa Monte Real 

Das simples coisas

  Eram mais ou menos onze horas da noite. Eu estava na famosa calçada de Ipanema, esperando meu ônibus passar para voltar para casa, onde minhas irmãs me esperavam dormindo, meus pais acordados e minha cama quentinha. Estava chovendo e de todos os dias, o único em que chovia era o único o qual eu esquecera o guarda-chuva. Várias pessoas estavam no ponto, cada qual consigo e seus respectivos guarda-chuvas. Cada chuva um segundo. E logo, eu estava molhada de minutos. Meus óculos não mais resolviam minha miopia. Ah! Não contente, havia esquecido meu casaco também. Os segundos caiam gelados enquanto o ônibus certo não chegava. De repente, vejo um homem com seu guarda-chuvinha preto, o menor que encontrei ali. Ele deveria ter seus quarenta anos, magro e baixo. Dizia alto e sozinho:
   ----Viado é você! - logo pensei comigo: " esse homem é maluco? Tá falando sozinho? " - Viado a puta que pariu! - e então, meu pensamento foi mais a fundo. Alguém nesse mundo cheio de preconceitos, provavelmente, o tinha insultado naquela noite chuvosa. 
    Até que vi que ele me viu e se assustou, desviei o olhar. Então, ele veio até mim e sorriu um sorriso de lavar a alma, me surpreendendo, colocando-me debaixo de seu guarda-segundos fazendo os segundos pararem, ou melhor, fazendo-me parar de senti-los, e dizia: 
   ----O que você faz aqui nessa chuva? Tão magrinha...
   ----Aí, muito obrigada! - eu agradeci sorrindo - Esqueci meu guarda-chuva. 
   ----E ninguém se ofereceu?! - o homem disse olhando a sua volta - Povo mal educado!
   Então, meu ônibus parava e eu tinha que ir. 
   ----Para onde você está indo? 
   ---- Barra. - eu respondia andando e ele atrás para eu não me molhar mais. 
   ----Ah eu também, mas não pego esse não. 
   ----Ah sim, muito obrigada novamente.
  E ele me sorriu. Fiquei no máximo dez gotas debaixo de seu guarda-segundos. Não me  deixou menos molhada, de fato. Mas seu ato simples somou-me muito mais. Aquela pessoa que normalmente é excluída da sociedade por sua opção sexual, que com toda raiva e revolta que poderia estar naquele momento, preferiu engolir, sorrir e me ajudar com seu mini-guarda-chuva em meio a vários que nem me notaram, seja por qual razão. Um gesto simples, um gesto bobo, que não custava nada, mas que me significou muito. Fazer o bem sem esperar nada em troca. Algumas pessoas veriam como obrigação, mas eu vi como amor, generosidade. Porque eu sou assim mesmo, sou boba mesmo, talvez romântica. Porque eu sou assim mesmo, absorvo lições do mais despercebido ocorrido. Porque eu sou assim mesmo, encantam-me as mais simples coisas. Porque eu sou assim mesmo, sou amor, sou a rosa toda, sou Sol e Lua, sou seca e chuva. Porque eu sou assim, sou todos os momentos que me passam e deixam de passar. Sou, só isso mesmo. 

Doaer

  Então deixe-me ir embora, você nunca foi de tentar manter ninguém mesmo. Nunca foi de fazer os maiores esforços para ter alguém ao lado. Sempre foi "aceita que dói menos". E quem foi que disse que às vezes é melhor que não doa? Às vezes a dor vale a pena. Às vezes é preciso saber senti-la. A dor deixa cicatrizes. Cicatrizes carregam histórias. As nossas histórias. Cicatrizes são a marca registrada de quem fomos um dia e o que nos tornamos hoje. Diga-me afinal, você mesmo. Não era você quem tinha 20 cicatrizes pelo corpo? Aquelas que fez quando ainda menino? Pois, traga-o de volta, ele era bem destemido.  – Luísa Monte Real 

Eu nunca

   Nunca fui assim. Nunca fui de querer um coração partido. Nunca fui de me atrair por pessoas que estivessem sofrendo. Nunca me interessei amorosamente por alguém a qual uma parte lhe faltava. Sempre fui de sentir pena. Sempre me apresentei como auxiliadora e amiga para aqueles que carregavam algo negativo. Sempre acreditei em energias e tentava manter minhas companhias positivas e minha aura a mais clara o possível. Alguns, nada íntimos, me afastei, procurando não me envolver com as dores alheias. Cheguei a me afastar até daqueles que diretamente ou por ilusão da parte deles, causei dor. Mas com você foi diferente. Vi sua dor transformar-se em arte e me encantei. Seus sentimentos mais obscuros encenavam da maneira mais delicada em minha mente, tocando minha alma e emocionando minhas lágrimas. A dor se mostrava, mas junto dela eu via sua alma. Por mais que te faltasse um pedaço dela, era uma alma pura e somente inspirada pelo amor. Talvez você nem acredite mais em amores, mas vi em sua dor a sensibilidade de uma flor. E ai me vi...Eu me vi querendo não mais ser uma amiga que te aconselharia. Eu me vi querendo ser quem te guiaria para o melhor caminho. Eu me vi querendo te apontar a esperança de um nascer do Sol laranja rosado. Eu nunca quis tanto fazer parte das suas artes. E eu nunca... Nunca desejei tanto ser a pessoa que completaria o pedaço que te faltava. – Luísa Monte Real

Decepções na sua porta

Eu estava andando
Eu estava te procurando
O pôr do sol estava brilhando,
Como de costume
Ah!Como eu amo este lugar
Neste lugar eu vim te ver
Você disse que me esperaria
Você perguntou a que horas eu viria
Você perguntou que horas eu queria
Você disse que por mim tudo faria
E eu estava andando
Eu estava te procurando
Eu estava na sua porta,
Era só abrir.
Você disse que ansioso estaria
Você disse que me abraçaria
Você disse...
E de faria em faria, não fez nada.
Toquei na sua porta
Minha barriga gemeu
Meu corpo tremeu
Mas ninguém atendeu.
Meu bem, nunca te pedi que me quiseste
Nunca te pedi que precisaste do que preciso
Mas tu fingiste
Fingiste desejos para manter meu amor por ti
Sua sinceridade me bastaria
E para sua porta eu não correria.
Agora quem anda não sou mais eu,
Mas sim, o mar de suas lágrimas
Que meu amor perdeu. – Luísa Monte Real

Um assunto, outro assunto

    Às vezes a gente tem essa coisa de querer mostrar que ama a pessoa, que se importa, e se sente até na obrigação de sofrer, mas hoje sei que não tem nada a ver. Acredito que se houver amor próprio poderá então, haver amores inigualáveis e inimagináveis pelos outros. Tenho pena de quem pensa que se amar significa não correr atrás, ignorar, não demonstrar que se importa e fazer pouco do outro. Isso não passa de orgulho. Sempre achei que mentir para mim mesma fosse a pior opção. Uma vez li: "não dê valor para as coisas por quanto valem e sim pelo que significam". Veja bem, é lógico que há um limite, não estamos falando de amar o outro mais do que a si mesmo. É incrível como quando alguém que eu amo me decepciona, meu sentimento por ela vai diminuindo aos poucos a cada decepção, automaticamente, sem que eu tenha que desprezá-la. Amar-se é fazer da felicidade dependente de você e somente, você. Preservar nosso coração e não deixar que a dor acabe com os nossos sorrisos, nem que o outro abale as nossas estruturas. Se entregar sem medo, pois você sabe que nunca se abandonaria. Não dizer: "ele não te merece, ele é um idiota, esqueça-o, ignore-o". Diminuir alguém nunca fez eu me sentir melhor. Quando a gente se ama, a gente não se permite fazer escolhas que não se tira proveito. A gente corre atrás do que quer, se quebrar a cara, conserta e segue em frente. - Luísa Monte Real