E hoje Ă© um
daqueles dias que me sinto rejeitada. Aqueles dias que eu tenho uma vontade
enorme de te mandar mensagem te xingando e dizendo que odeio vocĂȘ. Te perguntar
o que que foi que te deu? Gritar que nĂŁo entendi nada, que nada faz sentido. E te
forçar a dizer que na verdade vocĂȘ nĂŁo gostava de mim coisa alguma. Te gritar
que vocĂȘ fez a maior burrice da sua vida, que vocĂȘ Ă© um lixo, que vocĂȘ jogou
fora o que vocĂȘ tinha de mais importante e que vocĂȘ nunca vai achar alguĂ©m como
eu, e que ninguém nunca vai fazer e nem ser metade das coisas que fiz e fui pra
vocĂȘ, e, principalmente, por vocĂȘ. Que vocĂȘ Ă© um idiota, ingrato que nĂŁo tem maturidade o
suficiente para agarrar as oportunidades boas que a vida dĂĄ. Um daqueles dias
que tenho vontade de cuspir em vocĂȘ, e nĂŁo me importa o quĂŁo antiĂ©tico isso
seja, sei que nunca faria isso e somos livres para sentir raiva e nĂŁo sou uma pessoa
ruim por sentir. Ou sou?! Parece que sĂł tento me convencer de que nĂŁo sou ruim, quando no fundo estou afirmando que sou.
VocĂȘ Ă© um covarde. Quero perguntar se vocĂȘ nĂŁo se arrepende
nem por um segundo das suas escolhas. Sempre disse que se fosse para gente
acabar, que acabasse por falta de sentimento, parece que acabou pelo excesso.
Como pode uma pessoa tĂŁo burra?! TĂŁo cega?! Ah, entĂŁo o erro sou eu?! Fala que ficar comigo foi ruim, fala que eu te fazia mal, fala se eu era chata, se eu
nĂŁo era calma e compreensiva, fala que eu nĂŁo te fazia feliz, fala que vocĂȘ
tava comigo por pena, fala que eu nĂŁo era a primeira e a Ășltima pessoa que vocĂȘ
pensava no dia, fala que a sua melhor risada nĂŁo era comigo, fala que nĂŁo era
eu que te acalmava nos momentos ruins, fala que vocĂȘ nĂŁo ficava todo bobo
comigo, fala que vocĂȘ nĂŁo sentia nada, fala que vocĂȘ tem nojo de mim, fala que eu sou feia, burra, maluca e nĂŁo te somo em nada, fala que vocĂȘ me usou, fala que eu nunca fui nada para vocĂȘ, fala que eu sĂł fui mais uma. Fala, por
favor fala, eu te imploro gritando e chorando a tapas no seu peito. Fala de
verdade porque sĂł assim eu consigo entender os seus motivos de desistir e me
conformar que nĂŁo foi sĂł um ato de covardia. Por favor, fala porque mesmo vocĂȘ
nĂŁo me falando, Ă© assim que eu me sinto, Ă© assim que eu me vejo. Fala porque aceitar que vocĂȘ foi embora por tudo ter sido uma grande mentira Ă© melhor do que vocĂȘ ter ido embora por medo. Fala porque dĂłi menos quando o xingamento Ă© externo e posso te culpar por gerar e engolir meu prĂłprio veneno.
Sinto-me tĂŁo pequena, sinto que nĂŁo fui
boa o suficiente. E caralho - desculpa o palavreado - eu fui mais do que boa,
eu fui bem mais do que eu era capaz de ser, porque eu deixei de ser qualquer coisa por vocĂȘ. Eu fui atĂ© muito mais do que vocĂȘ se fazia merecer e vocĂȘ sempre soube e disse isso, mas vocĂȘ nunca tentou me merecer, nĂŁo importa o quanto eu lutei para isso, vocĂȘ nĂŁo dava o braço a torcer. E agora vem me dizer que mudou e que estĂĄ sim um homem melhor?! Eu me comprometi por nĂłs dois, enquanto vocĂȘ
sĂł queria o melhor de dois mundos. Eu doei minha alma, meu psicolĂłgico e meu
fĂsico para te dar a coragem e a maturidade que vocĂȘ nĂŁo tem e talvez nunca venha a ter. Eu fui a Ășnica
que acreditou em vocĂȘ quando nem mesmo vocĂȘ acreditava. E vocĂȘ jogou tudo fora,
vocĂȘ nĂŁo valorizou, vocĂȘ me rejeitou, me negou, e eu sei que isso tudo foi reflexo de nada mais do que vocĂȘ fez contigo mesmo. NĂŁo importa se vocĂȘ diz que nĂŁo
Ă© nada disso, nĂŁo importa, porque Ă© assim que eu me sinto, e Ă© assim que vocĂȘ me
fez sentir. Ă uma dor que eu
choro berrando com vontade de rasgar minha blusa num ato de me libertar de mim
mesma, como se aquilo fosse me tirar de meu prĂłprio corpo para eu nĂŁo ter que
passar por isso. Desespero. NĂŁo quero estar nesse corpo, nĂŁo quero estar nessa
vida. Tenho vergonha de mim e de minha pele. Por que eu sou tĂŁo fraca? Por que
sempre que me sinto assim quando a causa sĂŁo homens? Por que eles me destroem? Por que
eu deixo eles me destruĂrem? Por que eu me rejeito tanto quando eles me
machucam e eles que erram? Por que eu me sinto tĂŁo pequenininha? Por que me sinto tĂŁo difĂcil de
ser amada? Por que me culpo tanto? Por que odeio minha pele em uma tentativa de nĂŁo negar meu amor por vocĂȘ? Vida, me perdoa por tamanha ingratidĂŁo, mas tem dias que nĂŁo posso aguentar
essa dor que me corrĂłi e faz de mim menor. Ela Ă© o que eu tenho de mais sombrio e, de algum modo, real dentro de mim. Falha, falta, fracasso. Se existe algum meio de me sentir salva Ă© a indiferença por vocĂȘ, e o amor por mim. E Ă© assim que nĂŁo me sinto em alguns dias. - LuĂsa Monte Real
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