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Rima louca é Rap


  Antes de te conhecer o rap era como sua tatuagem debaixo do peito arranhada na costela, sem sentido, fútil e modinha. Não entendia, você não gostava de inglês e nem tão religioso assim.
Preconceito.
Revolução.
Arte.
Alma.
Corpo.
Dor.
Beleza.
Profundidade.
  Depois de te olhar mais afundo, fez sentido e me mergulhei no seu espírito escondido. Anos atrás, eu estava na estrada viajando para longe. Você me apresentou o rap. Como num clipe me imaginava e me sentia em câmera lenta. Eu sentia cada batida percorrendo minha pele, arrepiando meus pêlos.... a voz rouca quase sussurrando seguindo a onda da batida me faz delirar, até ir pra outro lugar. Adentrando, começava a pulsar no meu sangue até bater em meu peito. Sentia-me viva. Poderosa. Dançava no ritmo da música e ainda em câmera lenta. Mexia nos meus cachos macios, castanhos e rosas enquanto movia a cabeça. Fechava os olhos. O som estourando meus ouvidos. Era como fazer amor com a música. Viciante e não quero parar. Era como se drogar. Já diria Ari, a droga do amor. E amor era o que eu fazia e a droga, o rap. Como diria Don L com Flora Matos, vem curtir comigo, na rua eu sou bandido mas aqui amor, sou doce como licor. Arde. Eu jurava com os pés na sacada que eu podia soltar meus pés e flutuar. Era incrível a sensação de não existir tempo e tudo ficar mais lento.
Mais intenso.
Mais denso.
Cadê meu ar?
Vontade de gritar a letra pra entrar pelos ouvidos do mundo e fazer todo mundo entrar no nosso êxtase. 
O mundo parar para escutar.
Para se curar.
Se livrar.
Se encontrar.
"O futuro terá cura. O futuro é literatura."
Mais uma vez o rap falando, rapper Froid ensinando.
Conforme o tempo passava, mais eu queria e minha visão mudava.
Entendia que rap se aprende a ouvir.
Entendia que rap é poesia.
Com o tempo, fui me adaptando e conseguindo captar as letras e aí foi quando me perdi.
A letra condizia com as questões da minha alma.
Quebrava preconceitos.
Tapa na sua cara.
Caí no chão.
Me levantei mais forte.
Paulista ou carioca, escolha pela sorte.
Quem dera eu saber fazer umas rima, tá ligado?
Falar mais rápido
Tu tá ligado, parceiro?
Esse é o ponto certeiro
Nem sei se foi coincidência ou obviedade, mas foi tu quem me ensinou minhas verdades.
Amar (e) o rap, como preferir.
Não vamo discutir.
Tu sabe.
Esse jeito malandreado que não cabe.
Tão mal interpretado, tão mal falado
Mas é aquilo né,
O desconhecido incomoda.
E se tu não tá na fila,
É melhor tu dar a volta.
Me fez crescer, me fez quem sou
E continuo dando uma de louca no metrô.
Talvez eu não soubesse ficar quieta.
Sabe qual é?
Eu gosto mesmo de dar uma de esperta
Poeta
É que meu corpo é minha alma.
Calma?
Ficar quieta pra quem?
Ficar quieta pra que?
Eu te digo, eu prefiro ser louca do que desviver.
Vai, pode rir de mim,
Eu te acompanho,
Não existe alguém que ri mais de mim quando apanho.
Agora fica quieto.
Deita aqui no meu colo,
Vamo escutar aquele rap que um dia era nosso.
Dias atrás... Esse tempo já era.
Pela última vez,
Por tudo te agradeço,
Só não fique contando com a minha espera.
E fico nessa de
Eu.
O rap.
A rima.
A sina.
Você. - Luísa Monte Real

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